3 de outubro de 2014

Já o tempo...

...se habitua. Inté dá para dançar!



Já o tempo Se habitua A estar alerta
Nao há luz Que nao resista A noite cega

Já a rosa Perde o cheiro E a cor vermelha
Cai a flor Da laranjeira A cova incerta

Agua mole Agua bendita Fresca serra
Lava a língua Lava a lama Lava a guerra

Já o tempo Se acostuma A cova funda
Já tem cama E sepultura Toda a terra

Nem o voo Do milhano Ao vento leste
Nem a rota Da gaivota Ao vento norte

Nem toda A força do pano Todo o ano
Quebra a proa Do mais forte Nem a morte

Já o mundo Se nao lembra De cantigas
Tanta areia Suja tanta Erva daninha

A nenhuma Porta aberta Chega a lua
Cai a flor Da laranjeira A cova incerta

Nem o voo Do milhano Ao vento leste
Nem a rota da gaivota ao vento norte

Nem toda a força do pano todo o ano
Quebra a proa do mais forte nem a morte

Entre as vilas E as muralhas Da moirama
Sobre a espiga E sobre a palha Que derrama

Sobre as ondas Sobre a praia Já o tempo
Perde a fala E perde o riso Perde o amor

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