6 de fevereiro de 2009

O Retrato de Dorian Gray

Quando a gente está enamorada, começa sempre por se enganar a si e acaba sempre por enganar os outros. É a isso que o mundo chama romance.

Que importa o lapso de tempo na realidade decorrido? Só as pessoas banais é que necessitam de anos para se libertarem de uma emoção. Um homem que é senhor de si pode por termo a uma mágoa com a mesma facilidade com que inventa um prazer. Eu não quero estar à mercê das minhas emoções. Quero utilizá-las para as gozar, para as dominar.

A moderação é uma coisa fatal. O suficiente é tão mau como uma refeição vulgar. O supérfluo é tão bom como um festim.

O romance vive pela repetição e a repetição converte um apetite numa arte. Além disso, cada vez que a gente ama é a única vez que jamais amou. A diferença do objecto não fragmenta a paixão: apenas a intensifica. Podemos ter apenas uma grande experiência, e o segredo da vida é reproduzir essa experiência o maior número possível de vezes.

1 comentário:

Anónimo disse...

e quando reproduzes essa experiência um milhão de vezes, ou sentes que caiste na rotina, ou amas tanto, mas tanto, que te sabe bem esta segurança que a rotina te dá. claro que se fazem loucuras, mas essas guardo-as para nós os dois, e o célebre baú preto.
beijitos doces